αqυєℓα gαяσтιинα


A manha estava fria, propicia para um futuro resfriado, mas era de se esperar depois de uma nevasca. Todavia um pequeno grupo trabalhava animado retirando a neve de fronte as suas casas.
Não tardei muito para levantar, tomei a mão meu casaco e desci as escadas preguiçosamente, definitivamente aquele frio afetou-me. Por sorte era feriado, tratei de engolir rápido aquela fatia de bolo que minha mãe fizera na noite anterior, para fazer minha rotina de feriado: andar sozinha por ai com meus fones. Porem algo me dizia que aquele feriado de inverno não seria um feriado comum.
Calcei minhas botas brancas, que em conjunto com minha roupa, me fazia passar por um poodle naquela paisagem. Caminhei pelo que antes era o parque mais dourado que havia visto – graças ao outono, particularmente a época que mais gosto.
Fui seguindo a trilha que já gravara há anos e me deparei com uma garotinha, chorando embaixo de minha árvore favorita. Tomei a liberdade e sentei-me ao seu lado e a fiz inibir o choro, desculpei me, ela olhou me com os olhos vermelhos e me perguntou:”Você gostaria de ser livre?”.Assustada, respondi afirmativamente.Nesse instante ela sorriu e disse:”A liberdade todos têm, o que a prende é o quanto você é capaz de sonhar e de sofrer por algo que acredita”.
Dito isso, ela entregou-me um broto de rosa vermelha banhado com suas lagrimas antigas. A fração de segundos, que retirei os olhos dela, a fez sumir. Olhei de volta para o broto e sob ele uma borboleta dourada com pequenos flocos brancos encarava-me atentamente. O broto em minha mão secava aos poucos e com isso ia desabrochando. Não demorou muito, o broto já era rosa e de dentro dele uma ultima gota de lagrima correu das pétalas a neve e aquela borboleta seguiu rumo ao sol.
Fiquei meia hora vidrada naquela rosa, que se destacava em meio ao branco gélido do inverno, tentando acreditar naquilo.
Nossa, que dia! Cuidei de ajuntar meus fones e tomar o rumo de casa. Refleti enquanto afundava minhas botas na neve fofa. Chegando a casa as tirei e olhei novamente para a rosa, sorri.
Hoje costumo dizer que a garotinha da neve, com uma rosa, ensinou-me que não há felicidade sem dor, e o que afasta seus sonhos da realidade é o quanto você pode aguentar sofrer por eles sem deixar de acreditar nos mesmos.